Nosso coração valente!! Com a graça do nosso bom Deus, Ryan foi curado de uma cardiopatia aos 7 meses de vida. Durante a gestação, no primeiro exame morfológico, o coração dele mostrou uma alteração. Havia uma mistura do sangue arterial com o venoso que não deveria ocorrer. No quinto ou sexto mês quando fizemos a ecocardio fetal, foi confirmada uma cardiopatia. A médica nos confirmou que ele tinha uma cardiopatia chamada Defeito do Septo Atrio Ventricular Total. Quando tivemos a notícia acho que a ficha demorou a cair. Acredito que o que nos ajudou muito no início foi que o médico que nos atendia, nos falou que eram realizadas cirurgias como estas todos os dias, e que era uma correção "simples". Nos contou que no Pequeno Príncipe várias crianças passam pelo procedimento diariamente e são curadas. Com o passar do tempo começamos a consultar também outra médica, a mesma que fez a ecocardio lá no início da gestação. Nossa querida e maravilhosa dra Marcia Barberato. Mais perto da cirurgia tivemos uma conversa mais delicada. Ela precisava nos deixar ciente de todos os riscos e de como aconteceria a cirurgia. Neste dia nos explicou que o coração do Ryan seria parado, e que uma máquina ficaria bombeando o sangue do corpo dele durante a cirurgia. A ficha caiu. Foi aquela sensação do mundo desabando na cabeça. Como assim o coração dele ficaria parado por tanto tempo? Foi sofrido lidar com tudo isso. Lembrar destes momentos me emociona muito. Passar em frente ao Hospital Pequeno Príncipe e recordar de tudo, me emociona demais também. A espera pelo final da cirurgia foi grande. Foram aproximadamente 7 horas no centro cirúrgico. Deixa-lo na sala de cirurgia e vê-lo sendo anestesiado para o início do procedimento foi um dos momentos mais difíceis de toda esta jornada. Passadas longas horas, Dra Fabio Navarro apareceu e nos deu a notícia mais maravilhosa que podíamos ter. A cirurgia correu bem e Ryan estava se recuperando bem! Foram 7 dias de UTI e a evolução dele foi ótima. Temos uma eterna e imensa gratidão a Deus, e por todos os profissionais que participaram. Nosso amado filho com seu coração valente foi curado!!! ************************************************************************************ Explicação médica sobre o DSAV Total: Em torno de 50% das crianças com Síndrome de Down apresentam doença no coração. A cardiopatia mais frequentemente encontrada é o defeito do septo atrioventricular (DSAV). Esta cardiopatia se instala no início da gestação, no momento em que ocorre a divisão das 4 cavidades cardíacas, isto é, em torno da sétima semana. O coração possui quatro cavidades, dois átrios e dois ventrículos (direito e esquerdo). Os átrios localizam-se superiormente e os ventrículos inferiormente. Os átrios são divididos por uma parede chamada septo interatrial e os ventrículos, separados pelo septo interventricular. No DSAV, há um erro no momento da septação cardíaca de modo que não ocorra o fechamento completo e separação entre as quatro cavidades. O defeito localiza-se bem no centro do coração, o que chamamos de cruz cordis. Desta maneira, há a presença de uma comunicação entre os átrios (comunicação interatrial), uma comunicação entre os ventrículos (comunicação interventricular) e, as valvas localizadas entre os átrios e os ventrículos (valva mitral à esquerda e valva tricúspide à direita) também não se separam, formando uma valva atrioventricular única. Existe passagem do sangue entre o lado esquerdo e o direito, pelas comunicações, gerando um fluxo maior para as câmaras direitas e levando mais sangue aos pulmões. Este aumento do fluxo para o lado direito e pulmões, é o responsável pelo quadro clínico das crianças, como cansaço as mamadas, baixo ganho ponderal e infecções de repetição. O DSAV pode ser classificado como parcial ou total. A correção cirúrgica do tipo total, mais frequente nas crianças com Síndrome de Down, é em torno de 4-6 mês de vida. Durante a cirurgia, há parada do coração e quem faz a circulação do sangue para os órgãos é uma bomba (circulação extra corpórea). Fecham-se as comunicações com uma membrana de pericárdio bovino e é realizada uma plástica na valva atrioventricular única, transformando-a em duas. Dra Marcia F A Barberato

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